Sabe quando o coração seca? Não como o coração gelado dos ursinhos carinhosos, mas como a poesia parnasiana. É assim que eu me sinto. Não sinto saudades de forma alguma do passado, posso sentir falta de pessoas, mas não de situações.
Sabe do que realmente sinto falta? De longas conversas regadas a cigarro e minha estimada garrafinha d’água. De sentir a barriguinha quentinha da minha poodle embaixo do meu braço na cama e do focinho dela na minha mão quando dorme. Sinto falta das risadas desesperadas e das lágrimas exageradas. Sinto falta da espontaneidade dos amigos.
São coisas simples, às vezes passam e não voltam mais, às vezes continuam lá pra sempre, a questão agora é que estou longe de tudo isso por vontade própria e ainda não compreendi a falta que tudo isso realmente faz.
Posso lutar enormes guerras, posso honrar todo o meu passado acadêmico, posso, inclusive, me tornar militante de algo realmente importante para humanidade, mas no final do dia não tenho nada do que realmente importa pra mim. Nunca foi tão real pra mim quanto agora:
“Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.
— Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.” (Bandeira).
terça-feira, maio 29, 2007
sábado, maio 26, 2007
Senhor, dai-me paciência.
A paciência é uma única dose de rum numa noite de frio. Doce, rasga o peito e aquece o corpo. Difícil é saber a hora de recorrer a essa dose mínima.
Ninguém vê uma pessoa lutando para ser calmo. Lutando para não ser um animal. O único vislumbre está nos olhos. Quando os sentidos se apagam, o vermelho-sangue tinge a visão, o revés no estômago, é nesse momento a hora de tomar sua dose? Ou seria melhor deixar isso tudo e regar-se de pequenas doses o dia todo e a toda hora? Desequilibrado ou alcólatra?
A dose está por aí, inesgotável e serena. Sempre à espera de um porre qualquer. Um porre de paciência e de mil motivos para não ser. A paciência não é uma virtude budista, é uma bebedeira que acalma e não nos deixa cair no furacão. É sujeira que se esconde embaixo do tapete.
Qual a dose certa? Qual o momento de bebericar o doce néctar da civilidade? Quando se deve negar a si mesmo o famoso "vai tomar no cu e acorda!"?
Senhor, dai-me paciência que meu rum acabou.
Ninguém vê uma pessoa lutando para ser calmo. Lutando para não ser um animal. O único vislumbre está nos olhos. Quando os sentidos se apagam, o vermelho-sangue tinge a visão, o revés no estômago, é nesse momento a hora de tomar sua dose? Ou seria melhor deixar isso tudo e regar-se de pequenas doses o dia todo e a toda hora? Desequilibrado ou alcólatra?
A dose está por aí, inesgotável e serena. Sempre à espera de um porre qualquer. Um porre de paciência e de mil motivos para não ser. A paciência não é uma virtude budista, é uma bebedeira que acalma e não nos deixa cair no furacão. É sujeira que se esconde embaixo do tapete.
Qual a dose certa? Qual o momento de bebericar o doce néctar da civilidade? Quando se deve negar a si mesmo o famoso "vai tomar no cu e acorda!"?
Senhor, dai-me paciência que meu rum acabou.
terça-feira, maio 22, 2007
Qual o preço da rapadura?
Ouvi dizer que o excelentíssimo senador Antônio Carlos Magalhães considera insignificante a corrupção por R$ 20 mil. Este sim sabe o que diz. Aos pequenos migalhas da pobreza de espírito, aos grandes a grandiosidade dos impérios.
Pe. Antônio Vieira já dizia, roubar em uma barca faz um bom ladrão, roubar uma armada se faz um Alexandre. E aonde estão os Alexandres? Pouparam-nos de ver a grandiosidade dos coroados? Ou acabaram-se as glórias?
Que falta de grandiosidade guardar papel moeda em cuecas! Que falta de criatividade usar a Deus e Alá como arma de latrocínio! Quantos e quantos casos de ganância fútil se alastram por aí todos os dias?
Certo senador, a insignificância dos ladrões pequenos são como pulgas no sistema moral da nossa sociedade. E os grandes? Ah, sim, não existem mais os tais Alexandres. Nem mesmo em processo secreto, pois bilhões em dólares em qualquer conta do exterior não traz glórias ao indivíduo. Se tornou algo comum na nossa política de bom Estado laico.
Suponho que se for verdade o caso do deputado federal Paulo Magalhães, o senhor senador deve realmente estar com vergonha. Não pelo fato de ter um sobrinho corrupto, mas por ter um sobrinho que se vendeu por tão pouco.
É, a rapadura é doce, mas não é mole.
Pe. Antônio Vieira já dizia, roubar em uma barca faz um bom ladrão, roubar uma armada se faz um Alexandre. E aonde estão os Alexandres? Pouparam-nos de ver a grandiosidade dos coroados? Ou acabaram-se as glórias?
Que falta de grandiosidade guardar papel moeda em cuecas! Que falta de criatividade usar a Deus e Alá como arma de latrocínio! Quantos e quantos casos de ganância fútil se alastram por aí todos os dias?
Certo senador, a insignificância dos ladrões pequenos são como pulgas no sistema moral da nossa sociedade. E os grandes? Ah, sim, não existem mais os tais Alexandres. Nem mesmo em processo secreto, pois bilhões em dólares em qualquer conta do exterior não traz glórias ao indivíduo. Se tornou algo comum na nossa política de bom Estado laico.
Suponho que se for verdade o caso do deputado federal Paulo Magalhães, o senhor senador deve realmente estar com vergonha. Não pelo fato de ter um sobrinho corrupto, mas por ter um sobrinho que se vendeu por tão pouco.
É, a rapadura é doce, mas não é mole.
sexta-feira, maio 18, 2007
Contra o aumento do cigarro
Sou politicamente contra o aumento do cigarro. Sim, leitor eu fumo. Sim, amigo, eu sei que vou morrer. Mas a questão nem é essa.
Sou contra a armação ideológica (sim, ideológica) dos não-fumantes contra nós. Nem vou mencionar todos os argumentos simples mas já cansados de se repetir pelas bocas nicotinadas por aí. Sou contra dizerem aumentar impostos do cigarro para desestimular o consumo. Queridos, quem fuma não pára pq o preço aumentou, fuma outro de qualidade inferior e mais barato. Não é assim quando aumentam o arroz?
Sou contra o rombo nos cofres públicos e ter que pagar mais uma vez pela real incompetência ou bandidagem alheia. Tanto dos governantes como da população que nada faz.
Sou infinitamente contra fazer tudo isso com a simples fala de que é para nosso bem. Quer diminuir o cancêr de pulmão? Desestimulem a emissão de gases industriais na atmosfera. Tão mais eficaz. Bem mais problemático, eu sei. Enfim, vim apenas dizer que minhas moedas acabaram e eu realmente preciso dum cigarro com um café gelado.
Sou contra a armação ideológica (sim, ideológica) dos não-fumantes contra nós. Nem vou mencionar todos os argumentos simples mas já cansados de se repetir pelas bocas nicotinadas por aí. Sou contra dizerem aumentar impostos do cigarro para desestimular o consumo. Queridos, quem fuma não pára pq o preço aumentou, fuma outro de qualidade inferior e mais barato. Não é assim quando aumentam o arroz?
Sou contra o rombo nos cofres públicos e ter que pagar mais uma vez pela real incompetência ou bandidagem alheia. Tanto dos governantes como da população que nada faz.
Sou infinitamente contra fazer tudo isso com a simples fala de que é para nosso bem. Quer diminuir o cancêr de pulmão? Desestimulem a emissão de gases industriais na atmosfera. Tão mais eficaz. Bem mais problemático, eu sei. Enfim, vim apenas dizer que minhas moedas acabaram e eu realmente preciso dum cigarro com um café gelado.
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