quinta-feira, abril 10, 2008

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O vôo

O silêncio a tortura. Em uma manhã perfeitamente quente e azul, tudo está fora do lugar. São xícaras, pratos, roupas, sapatos, bolsas, cinzeiros e garrafas. A desordem remete ao que ela não vê por baixo das coisas. Como pássaros que ignoram as minhocas simplesmente por não terem fome. São levados pelo leve vento pra longe sem se importar em lembrar o caminho de volta depois.

A paz machuca. Tanta paz assim é sinal de trevas mais além. Como se trevas fosse o caminnho lógico da serenidade. Para cima, para baixo. Sentimentos rodopiam leves pelo ar quente e úmido. Ela tenta se concentrar mais uma vez. Esforço em vão. Fecha os olhos rezando pro momento não durar mais do que o necessário. "Desta vez vai dar certo" ela pensa. Resmunga e tenta de novo. Caramba!!

Falhou miseravelmente. Como todas as vezes antes disso. Não sabe se está bem ou se vai conseguir melhorar depois. Sente o nó na garganta e desmonta no chão sem forças, com as mãos vermelhas, quase roxas sem sentir o sangue que se acumula nas palmas. Ali, parada, como criança sem conforto e filhote a respirar rapidamente na esperança de ser ouvido. Deixa-se levar pelo tempo. Maldito tempo que nos tranforma, mas jamais podemos retribuir.

Há alguns cortes em seus braços. Não foi de propósito. Foi lavando o banheiro. Há cortes no calcanhar. Sapatos novos. Há escoriações nas pernas. Freiada inconsequente do motorista de ônibus. De novo, para cima, para baixo. Pensamentos levados ao alto e transferidos para baixo. Ela é um passarinho aprendendo a voar. Aprendendo a ser levada pelo vento.

Por um momento ela pára. Respira o cheiro de desinfetante que a cozinha exala. Enjoa-se do cheiro e levanta-se. Pára novamente na pia. Refaz os movimentos. Visualiza novamente e com um último suspiro de coragem ela vai tentar novamente. É isso que faz dos fortes, fortes. O pássaro precisa se estatelar no chão pra alcançar vôo. Filhotes precisam ferir pra sobreviver. Essa é a evolução das espécies. Ela precisa evoluir. Ela precisa crescer.

Então de ímpeto ela chuta a solidão pra fora. Arranca com os olhos a tristeza do peito. Faz sumir o medo entre os dedos. Ela está pronta. Finalmente. Movimenta rapidamente os dedos e numa explosão de sentidos sem sentido algum ela tenta mais uma vez. Não pensa se falhar. Não se importa se não der certo. Apenas tenta com todas as forças que ela possui.

E num desses golpes do destino...ela consegue. Ali, o doce triunfo. Tudo se esvai como água entre as mãos. Ela se sente amortecida pela vida. Ah, a vida! Doce e memorável vida. Nos ares, sentindo a liberdade do céu. Finalmente ela venceu a dura batalha.

Ela coloca o vidro de azeitonas de lado e continua a seguir cuidadosamente a receita da vovó. Apetitosa torta de frango que tanto queria a semana toda. Bom que não atrasou o almoço. Bom que não atrasou a vida.

sexta-feira, abril 04, 2008

Roda da fortuna

Esse post é dedicado a todos que acham que a vida é uma merda. Vou confessar que também acho que a vida seja mesmo uma merda. Eu estava ouvindo Carmina Burana, sempre tive um especial apreço à essa cantata, mas nunca realmente parei pra pensar a seu respeito.

“Carmina Burana” é uma expressão em latim e significa “Canções de (Benedikt)beuern”. Durante a secularização de 1803, um volume de cerca de 200 poemas e canções medievais foi encontrado na abadia de Benediktbeuern, na Baviera superior. Eram poemas dos monges e eruditos errantes — os goliardos —, em latim medieval; versos no médio alto alemão vernacular, e vestígios de frâncico. (...) Ele arranjou alguns dos poemas em um happening — em “canções seculares (não-religiosas) para solistas e coros, acompanhados de instrumentos e imagens mágicas”.

Esta cantata é emoldurada por um símbolo da Antigüidade — o conceito da roda da fortuna, eternamente girando, trazendo alternadamente boa e má sorte. É uma parábola da vida humana exposta a constante mudança. E assim o apelo em coral à Deusa da Fortuna (“O Fortuna, velut luna”) tanto introduz quanto conclui a obra, que se divide em três seções: O encontro do Homem com a Natureza, particularmente com o Natureza despertando na primavera (“Veris leta facies”), seu encontro com os dons da Natureza, culminando com o dom do vinho (“In taberna”); e seu encontro com o Amor (“Amor volat undique”).


fonte: wikipédia e http://www.nautilus.com.br/~ensjo/cb/ofortuna.html


Sors immanis (Sorte monstruosa )
et inanis, (e vã),
rota tu volubilis, (tu, roda a girar),
status malus, (a aflição )
vana salus (e o vão bem-estar)
semper dissolubilis, (sempre se dissolvem)
obumbrata (tenebrosa)
et velata (e velada )
michi quoque niteris, (atacas-me também);
nunc per ludum (agora por teu capricho)
dorsum nudum (costas nuas)
fero tui sceleris. (trago sob teu ataque.)
3. 3.
Sors salutis Sorte, (senhora do bem-estar)
et virtutis (e da virtude),
michi nunc contraria, (estás agora contra mim)

Não é para ser um post religioso, nem um post sobre a cantata. Então sobre o quê?
É sobre mudanças, meu caro.

Sobre o sobe e desce sem fim das coisas que aprendemos a ter como imutáveis. Nem quero oferecer liçãozinha de moral ou previsão a respeito de qualquer coisa. Quero apenas demonstrar um fato curioso a meu respeito: eu gosto de mudanças.

O nascimento, a maturidade e a morte são tão bem integradas nas pessoas que certas vezes elas se esquecem disso. Se esquecem que mudam o tempo todo, com todo mundo, e nem sempre é ruim ou fatal.

Pra que mudamos então? Crescimento espiritual ou hormônios de paciência na velhice?
Bem estar econômico ou status de arrogante?
Mudamos pela necessidade de mudar e nos adequar a novos meios ou o meio nos muda e nos tranforma em joguetes do destino?

hummm...
*Pausa para beber um copo de café*


Transforme isso em questões de Estado. Teremos as mesmas perguntas, mas com ênfases distintas. Afinal, somos todos pessoas. (Exceto o snoop dog que é um doberman mutante).

Sempre fui uma adepta a mudanças, sejam elas sociais, intelectuais, econômicas, musicais e até mesmo gastronômicas (desde que não custe os olhos da cara). Mas mudar significa ter tempo, paciência, dói, magoa e fere. Nem todos gostam disso. Entendo, mas não concordo.

Então, pra terminar esse devaneio de manhã chuvosa de sexta-feira: pra você que acha que a vida é uma merda...logo ela se tornará melzinho com leite. E em seguida uma puta diarréia novamente.

Portanto reclame menos, dilua minha dor de cabeça e pense nas minhocas: MINHOCA NÃO TEM PERNA E VAI PRA FRENTE!!

*fim para comer bolo de chocolate*