domingo, fevereiro 25, 2007

Nem parece despedida

Hoje eu acordei e percebi que se não for o último dia nessa cidade será o penúltimo.

Ontem eu já revi amigas de infância, e nem parecia despedida. Hoje, a mesma coisa aconteceu. Amigos de anos a fio continuam amigos, e isso é o que importa. Algumas coisas mudaram desde o meu primeiro bota-fora, quando fui para Curitiba, com malas e sonhos. Desta vez não parece muita coisa, parece uma viagem sem adeus ou até mais, uma curta viagem de fériias sem muitos desejos ou medos.

Eu tentei nunca me apegar num lugar só, minha família sempre mudou de casa periodicamente, não por nenhuma razão absurda, mas sempre queríamos uma casa maior e melhor, mas quando a situação apertava, voltávamos a morar em casas menores. Talvez por isso a sensação de lar físico nunca tenha existido para mim. Até agora. Desisto e confesso que boa parte da minha essência está aqui, não adianta negar.

Mas o que me faz pensar também é que Curitiba também se tornou meu lar, com suas ruas e pessoas. O ar que cheirava a pinho, os ônibus sempre iguais, os sorrisos sempre presentes, todos sempre na mesma direção e em rumos opostos. Sinto que de vez em quando meu coração se parte pelas pessoas que deixei lá. O que não aconteceu com meus amigos daqui. Talvez porque quando saí daqui pela primeira vez eu era demais jovem pra saber discernir as coisas, talvez por isso a primeira despedida sempre é a mais cruel.

Nessa nova etapa, ainda existe o medo do fracasso, da solidão e de qualquer outra coisa ruim que possa acontecer, mas não é tão grande, e o mesmo vale para os sonhos. Seria isso a sabedoria de envelhecer? Nada é tão cruel quanto antes? Nenhuma despedida é tão grande? Nem mesmo a morte? O que esperar dos sonhos quando os sonhos não parecem tão inatingíveis quanto antes?

É justamente a essas questões que devo reponder em futuros posts...