Sabe quando o coração seca? Não como o coração gelado dos ursinhos carinhosos, mas como a poesia parnasiana. É assim que eu me sinto. Não sinto saudades de forma alguma do passado, posso sentir falta de pessoas, mas não de situações.
Sabe do que realmente sinto falta? De longas conversas regadas a cigarro e minha estimada garrafinha d’água. De sentir a barriguinha quentinha da minha poodle embaixo do meu braço na cama e do focinho dela na minha mão quando dorme. Sinto falta das risadas desesperadas e das lágrimas exageradas. Sinto falta da espontaneidade dos amigos.
São coisas simples, às vezes passam e não voltam mais, às vezes continuam lá pra sempre, a questão agora é que estou longe de tudo isso por vontade própria e ainda não compreendi a falta que tudo isso realmente faz.
Posso lutar enormes guerras, posso honrar todo o meu passado acadêmico, posso, inclusive, me tornar militante de algo realmente importante para humanidade, mas no final do dia não tenho nada do que realmente importa pra mim. Nunca foi tão real pra mim quanto agora:
“Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.
— Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.” (Bandeira).


